Exclusivas Polícia

Sturaro diz que exoneração “já era esperada” e cogita candidatura em 2022

Sturaro diz que exoneração “já era esperada” e cogita candidatura em 2022
Foto: Reprodução/Instagram

Exonerado do cargo de comandante de operações da Polícia Militar da Bahia (PM) no dia 27 de janeiro deste ano, Humberto Sturaro afirmou em entrevista ao Varela Net que a notícia já era esperada por ele. Sturaro falou sobre o ‘prazo de validade’ de um Coronel na ativa e chegou a dizer que sempre se programou para seguir o ex-comandante da PM, Anselmo Brandão, que também foi exonerado do cargo diante das mudanças na Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) feita pelo governador do estado, Rui Costa. 

Sendo designado para a reserva logo após a saída de Anselmo Brandão, o Coronel Sturaro deixou um histórico de experiência no comando de importantes situações, como durante as negociações com os caminhoneiros no estado, durante a greve de 2018, e ao representar a Bahia na crise de segurança pública no Ceará. 

“Já era uma coisa esperada. Nós tinhamos um planejamento, com a mudança do novo secretário da SSP, onde o governador preferiu mudar tanto a gestão da PM como a da Polícia Civil. Nós, como disciplinados, temos que entender a situação e sabemos que é uma prática normal, pois quando acontece essa mudança, o gestor procura novos rumos e horizontes, além de sair de um comodismo. Além disso, nós temos prática de validade, até porque um Coronel só pode ficar na ativa seis anos, então, como eu já estava nesse tempo, eu já sabia a hora de sair. Durante a minha gestão, eu me programei para seguir Anselmo Brandão e sair com o mesmo por conta de uma mentalidade administrativa, mas nunca passou pela minha cabeça ser Comandante Geral e substituir Anselmo”, afirmou ao Varela Net

“Mesmo que eu tivesse algum tempo para permanecer eu colocaria meu cargo à disposição. O governador acredita muito em mudança, então ele sabe o que é melhor para o estado e cabe a ele direcionar a pasta. A saída de Maurício [ex-secretário da SSP] foi inesperada, nós não esperávamos que seria da maneira que foi”, disse. 

Sturaro ainda comentou sobre a mudança de secretário da SSP, onde Ricardo Mandarino passou a comandar. Para o Coronel, durante a sua gestão, existiram ações acertivas e agora, mesmo estando de fora, considera necessário apoiar as novas gestões para fortalecer a instituição cada vez mais. A situação de Valéria também foi comentada, já que após uma “ocupação” na região nenhum dado foi divulgado pela SSP, diferentemente do que aconteceu na ocupação do Complexo do Nordeste de Amaralina. 

“Isso vai de gestão. A situação dos números eu acredito que isso precisa ser mostrado. A parte da comunicação da SSP deve consolidar e apresentar esses dados à sociedade. O que acontece no bairro de Valéria é que há uma área de mata muito extensa. Várias ações já foram feitas naquela área para que a PM possa ter êxito em suas prisões, mas a fuga diretamente para a mata no bairro dificulta muito o trabalho. Acontece que muita das vezes a própria comunidade ela acaba dando cobertura aos traficantes pelo medo”. 

“Temos que respeitar a nova gestão, mas talvez seja a política de trabalho deles. Acho eu que não cabe nem as polícias Civil e Militar, mas sim a SSP de divulgar as informações necessárias”, opinou. 

O Coronel ainda fez diversos elogios ao atual Comandante Geral da PM que ocupou o cargo de Anselmo Brandão. Sturaro ainda comentou sobre o inicio da gestão de Coutinho que vem sendo criticada pelos altos números da violência em Salvador e todo o estado da Bahia. 

“É um excelente profissional militar, competentissimo, tem a dura missão de substituir um excelente comandante que foi o Anselmo Brandao. Foi escolhido pelo governador pelas capacidades que tem (…) ele com certeza fará um grande comando, nós temos que fortalecer o comando dele e eu acredito muito na gestao de Coutinho. Claro que em um, dois ou três mêses as coisas vão se adaptar, vc não pode afastar a tropa de seu comandante. Eu vejo alguns movimentos que tentam afastar a tropa de seu comandante e isso não pode acontecer. Hoje é preciso ter sabedoria pra se aproximar cada vez mais da tropa, ele tem um grande coronelado que está ao seu lado e a gestão hoje é para ser compartilhada. Então até hoje para o comandante geral tomar uma atitude é necessário que ele ouça os pares porque a atitude não é só dele, a atitude é institucional”, afirmou. 

“Estamos combatendo a pandemia e hoje a gente vive uma situção de Segurança Pública diferente, pois também estamos fazendo parte de segurança da saúde pública. Tudo que é determinado pelos decretos do governador ou prefeito, funciona graças ao emprego da Polícia Militar e com isso temos outras vertentes para combater, como as aglomerações e festas. Temos que saber o motivo que está causando isso; há muitas pessoas em liberdade e há rixas entre facções. Temos que estudar esse motivo e trabalhar a partir dali. Quando a pessoa é vitíma da violência ela quer uma resposta imediata, mas os números dos homicídios estão todos voltados ao tráfico de drogas, pois quando se faz um levantamento da porcentagem de homicídos relacionados ao tráfico, o número chega a ser assustador de tão alto”, completou. 

O militar ainda deixou sugestões sobre o que faria se estivesse do comando da tropa. “Jamais ficaria em cima do muro, tenho certeza que tanto o secretário como o comandante geral estão buscando soluções. Mas uma coisa que eu faria seria perguntar a tropa o que ela está precisando para prestar um melhor serviço, trazer o secretário para perto da instituição e ouvir a pessoa que está na base da pirâmide, e com certeza eles estão fazendo isso”, disse. 

Política

Após a sua exoneração da PM, Sturaro disse ao Varela Net que já recebeu convites para adentrar ao meio político. O Coronel disse ter vontade, mas ainda está avaliando a proposta por conta da “exposição” que um cargo público leva. O mesmo chegou a fazer um comparativo com a repercussão a sua exoneração gerou.

“Algumas pessoas estão conversando comigo, sim. Vontade eu tenho, mas não sei se teria coragem porque você vai colocar seu nome para ser aprovado ou não pela sociedade, eu não sei se tenho capacidade para ser representante de uma classe, a exposição é muito grande. Por um simples fato de uma exoneração do comando de Operações a gente vê a exposição que é, imagine quando nos colocamos num cargo público. E, com isso, você começa a virar alvo de especulações, de fake news, situações negativas e por conta disso não sei se estaria preparado”, avalia. 

Sturaro ainda opina que é essencial que a PM tenha um representante, para que conversas e acessos sejam feitos de forma mais clara e objetiva.

“Eu acredito que nossa instituição precisa sim ter representantes da situação, para que o dialógo fique mais fácil, a compreensão e o acesso. Se for fazer uma política, que seja de leão e verdadeira. Isso tudo precisa ser estudado e pensado. Preciso ver no que eu poderia contribuir, então sou capaz sim de me lançar, mas estou avaliando de colocar meu nome como mais uma opção”, completou. 


Comentários:

Ao enviar esse comentário você concorda com nossa Política de Privacidade.