Exclusivas Polícia

Paulo Coutinho contesta índices de alta na criminalidade: “Estamos vencendo”

Salvador, Vitória da Conquista e Feira de Santana integram a lista das 50 cidades mais violentas do mundo

Paulo Coutinho contesta índices de alta na criminalidade: “Estamos vencendo”
Foto: Reprodução/Instagram

Salvador, Vitória da Conquista e Feira de Santana integram a lista das 50 cidades mais violentas do mundo. A capital baiana ocupando o 28º lugar; a segunda citada, o 20º colocado; e a terceira, o 9º, de acordo com a ONG mexicana Conselho Cidadão para Segurança Pública e Justiça Penal, uma das principais entidades internacionais que coleta dados de crimes violentos, segurança pública, narcotráfico e políticas de governo. 

Em dados divulgados pela Secretária de Segurança Pública (SSP), entre janeiro de março de 2020, Salvador e RMS, registraram juntas 506 homicídios. Já em 2021, no mesmo período, a SSP registrou 494 homicídios. Vale destacar que entre janeiro e março de 2020 houve carnaval, onde há milhares de pessoas nas ruas e a tendência é ter um alto índice de violência. 

Em entrevista ao Varela Net, o Comandante-Geral da Polícia Militar, coronel Paulo Coutinho, afirmou que, atualmente, “o maior desafio para qualquer policial é levar segurança pública de qualidade para qualquer cidadão”.  

“Queremos cada dia mais uma sociedade protegida. Temos uma grande metrópole com mais de três milhões de habitantes, vários problemas sociais, mas tenho certeza que cada dia vamos conseguir ofertar uma segurança melhor, até porque temos feito vários procedimentos nesse sentido, e isso já começa a ser sentido principalmente na redução de homicídios”, falou. 

O problema é, de fato, visto por toda a população baiana, que se depara todos os dias com a violência, especialmente relacionada a facções criminosas, que fazem vítimas em cada disputa territorial em bairros de Salvador, além de serem os responsáveis por fazerem a “vista grossa” para os moradores, protegendo-os de qualquer crime que possa levar a polícia ao espaço deles. 

Foto: Reprodução/Instagram/PMBA

Um exemplo dessa situação ocorreu na última segunda-feira (26), no Nordeste de Amaralina. Bruno Barros da Silva, de 29 anos, e seu sobrinho Ian Barros da Silva, de 19, foram acusados de roubar carnes no supermercado ‘Atakarejo’ do bairro. Em prol da “segurança” da área, ambos foram entregues a traficantes do Comando da Paz (CP), filial do Comando Vermelho (CV), que comandam a região. Sem mais, nem menos, os dois foram arrastados para a localidade conhecida como Boqueirão, onde passaram por uma sessão de tortura antes de serem assassinados e encontrados por policiais no porta malas de um carro.  

Em nota, a Polícia Militar afirmou que a morte tinha relação com o tráfico de drogas, situação que ainda persiste em mais bairros de Salvador e municípios baianos do que se pode imaginar. Apesar do domínio de traficantes, o coronel Paulo Coutinho garantiu que “a Secretaria de Segurança Pública (SSP-BA) e a PM têm feito um trabalho de contenção nas grandes cidades”, como ocorrido no Complexo do Nordeste de Amaralina e em Valéria, local que o coronel considera ter realizado uma grande operação, onde, segundo ele, a situação foi normalizada.  

“Em Valéria fizemos uma grande operação. Gostaria de deixar claro que esse termo ocupação é utilizado de forma errônea. O que fizemos em Valéria foi uma operação reforçada em virtude de ocorrências de crimes violentos que estavam ocorrendo a época. A situação foi normalizada e retiramos a tropa que estavam lá apoiando”, afirmou ao Varela Net. 

Ao ser questionado de que forma ele pretende combater as organizações criminosas, visto o crescimento delas na Bahia, Coutinho respondeu que “o crime a gente lida com inteligência e ostensividade. E principalmente uma repressão qualificada quando necessária. Vamos continuar nessa vertente. Sempre que houver qualquer situação dessa natureza, o mais importante é fazer a contenção. Sobretudo pra que esse crime não avance tanto como vem avançando e atinja a sociedade”. O problema é que a disputa entre traficantes rivais e o ‘Tribunal do Crime’ ainda existe e parece aumentar cada vez mais.  

Apesar de a Bahia ser o estado, por quatro anos consecutivos, com maior número de homicídios, registrando, inclusive, em 2020, a maior quantidade de mortes violentas, o coronel sustenta que “o sistema de segurança da Bahia é eficaz”.  

“Eu lhe demonstro isso com números. Temos aqui em 2020 e 2021 números extremamente positivos. Redução de óbitos, roubo de veículos, redução de crimes violentos letais intencionais. Qualquer sistema de segurança pública vive isso [aumento da violência]. Mas temos enfrentado e vamos vencer. Como estamos vencendo”, disse. 

Em relação a morte de policiais, dados do Monitor da Violência, disponibilizado pelo G1, mostram que houve um crescimento de 38%, entre 2019 e 2020. Se comparado com outros estados, a Bahia é o sexto colocado em números absolutos de policiais mortos. Somente nos quatros primeiros meses de 2021, cinco policiais militares foram assassinados. Além dos homicídios contra os agentes, Paulo Coutinho também foi perguntado pelo VNet sobre os casos de surtos psicóticos entre os PMs.  

“A questão do ferimento é decorrente da nossa atividade. Mas você mesmo nos traduz a violência da metrópole que estamos vivenciando. Infelizmente temos tido efetivamente, na semana passada perdemos um companheiro no exercício da profissão, onde um criminoso deu um único tiro que atingiu a cabeça dele. Nossa profissão tem muito risco. Temos tido algumas políticas institucionais de cuidado, e principalmente de acompanhamento a todos, através do departamento de proteção policial. Todas as ocorrências temos os comandantes acompanhando com objetivo de acolher esse policial militar e a família. E as vezes o próprio comandante é acompanhado. Nosso objetivo e missão é estar ao lado da tropa”, salientou. 

Coutinho fez um balanço da segurança no estado sob o seu comando. Além disso, falou sobre a pressão em que os policiais vivem em meio a pandemia do novo coronavírus. “A tropa está bem, vive um momento que todos nós vivemos, que é a questão da pandemia. Graças a deus estamos avançando muito na questão vacinal, com base inclusive em uma proposta do governador do estado, que desde o início manifestou interesse de ter a tropa bem protegida e vacinada. Fazendo a segurança pública nessas duas frentes. Autocuidado pra proteger w a sociedade e nos proteger também os integrantes da tropa”, comentou. 

Sobre a fama de ser um homem “carrasco”, houve grandes expectativas da população, quando o mesmo assumiu o posto de Comandante Geral da PM. Mas, Paulo Coutinho deixou claro que não se pode dar trégua para a criminalidade e por isso tenha ganhado esse adjetivo.  

“Na verdade, existem determinados estigmas que são criados e não é bem por aí. Fazemos o trabalho militar vocacionado. Somos duros com a questão principalmente da segurança, entendemos que temos que ter a PM para oferecer o serviço com profissionais que sejam dignos. E a criminalidade não podemos dar trégua. O crime, se a gente der trégua, ele avança a cada dia. Talvez por isso esse estigma”, afirmou.  

Por fim, Paulo Coutinho falou sobre o seu antecessor, Anselmo Brandão, que ficou por seis anos no cargo de Comandante Geral da PM. Coutinho fez elogios a Anselmo e afirmou que é preciso dar continuidade no trabalho. 

“Coronel Anselmo Brandão foi meu professor, é um excelente profissional, mas agora a gente toca a nossa missão com a vertente clara de dar continuidade e melhorar o que for preciso. Quem lucra é a sociedade. Experiências diversas, mas sempre com o objetivo maior de serviço à sociedade”, finalizou.   


Comentários:

Ao enviar esse comentário você concorda com nossa Política de Privacidade.