Homem é acusado injustamente por policial e tenta provar inocência

Uma filmagem está tirando o sono de um morador do bairro de Cajazeiras, que entrou em contato com o Bahia 190 para fazer um apelo: divulgar sua inocência após ser acusado por um policial, em vídeo, de fazer “delivery” de drogas.

Nesta quarta-feira (1º), um homem, que não será identificado por motivos de segurança, seguia pela região onde mora para visitar o avô. Um rapaz, funcionário de um lava-jato, que costuma lavar o veículo da vítima, pediu por uma carona ao avistar o trabalhador.

Não demorou muito para que uma viatura da Polícia Civil abordasse os dois. Na ação, os policiais encontraram três pedras de crack em posse do rapaz do lava-jato e a dupla acabou sendo levada para a 13ª Delegacia Territorial de Cajazeiras. “Mesmo ele afirmando que a droga era dele e que eu só tinha dado uma carona, fui conduzido”, ele explica.

Chegando à delegacia, a vítima alegou inocência e ambos explicaram a situação, mas isso não foi o suficiente para impedir que um policial civil lotado na delegacia filmasse a vítima e o suspeito algemados juntos. Na filmagem, o agente acusa a vítima de ser o “motoboy” que entrega as drogas.

“Foram encontrados com drogas, fui buscar na 13, todos os dois. O de camisa laranja, que estava com a droga, tem um lava-jato, e o outro é o motoboy, que faz o ‘vai-e-vem’. Fiquem ligados neles aí”, diz o policial no vídeo.

A filmagem rapidamente chegou a grupos de WhatsApp e redes sociais, fazendo com que o rosto do rapaz fosse estampado como um criminoso. “Policial fez aquele vídeo mesmo eu sendo inocente. Fui julgado e condenado publicamente através de um vídeo produzido sem meu consentimento”, afirmou a vítima.

Ele ainda diz que recebeu apoio de amigos, vizinhos e conhecidos, porém, teme o julgamento de pessoas que não o conhecem. “Existem muitas pessoas que não sabem da minha trajetória de homem de bem e podem fazer uma leitura errônea da minha pessoa. Desejo uma reparação pública para desfazer essa situação”.

O trabalhador também explicou não ter amizade com o suspeito. “Eu não tenho vínculo. Eu só lavava a moto com ele às vezes, nada mais que isso”.

Apesar de ter feito a denúncia ao Bahia 190, o homem teme represália. “Minha família está vendo o que vai fazer, temos receio.
Eles [policiais] podem me prejudicar, não sabemos. Eu só quero mostrar a minha inocência”, disse.

O Bahia 190 entrou em contato com a Polícia Civil, que confirmou o caso. O homem foi ouvido e liberado, enquanto ao suspeito, foi lavrado um Termo Circunstanciado de Ocorrência, que é um tipo de registro do fato para crimes de menor relevância. Nesse caso, o procedimento é mais simples e não segue o mesmo rigor do inquérito policial.

A corporação ainda informou que “não é orientado aos servidores a gravação e distribuição desse tipo de material”. Também é dito que a ação não foi autorizada pelo titular da unidade e a denúncia deve ser apurada.

Apoio da população

Em imagens enviadas ao B190, é possível ver o apoio de amigos e conhecidos do trabalhador pelas redes sociais. Uma postagem feita por uma página dedicada ao bairro de Cajazeiras, é solicitado que o vídeo não seja compartilhado. “Conhecemos você e estamos com você. Seja forte, tudo isso vai passar”, diz parte do texto.

Uma mensagem no WhatsApp enviada ao rapaz também diz palavras positivas sobre a vítima. “Admiramos o bem e você é luz. Estamos aqui para o que der e vier”, diz.